[Diário] Somos chamados de Trupe da Luz

Nossa turnê começou. Cada grupo organizou sua bagagem e juntos demos início a jornada de percorrer 15 cidades do Rio Grande do Norte apresentando nosso espetáculo. 
Somos chamados de Trupe da Luz. 

Uma breve definição da palavra Luz:

“claridade; lume; clarão; tudo o que produz claridade, tornando visíveis os objetos; clarão produzido por uma substância ardendo; reflexo; brilho; objeto iluminante.”
Qualquer semelhança com o nosso espetáculo ou com a ideia desse projeto, não é coincidência. É assim que nos veem. Cada cidade que percorremos, cada olhar, cada abraço que nos foram dados, cada palavra de agradecimento que nos foi oferecida... tudo composto de uma forte luz que nos chega de forma tão generosa e transborda no momento da cena. E assim vamos nos retroalimentando: artistas oferecendo luz e o público nos dado energia. 
Nesse primeiro ciclo de viagens, percorremos as cidades de Pendências, Guamaré e Ielmo Marinho. Horas de viagem dentro do ônibus, cenário sendo carregado, muita água para passar o calor particular de cada município e uma ansiedade gingante. 

Um breve rascunho escrito por um dos atores:

“Chegamos ao local e foi incrível como tudo havia sido transformado. A rua não era mais a mesma. Nosso espaço cênico havia sido montado, bandeirinhas penduradas, as cadeiras colocadas e a luzes dos postes pareciam que tinham ganhado mais intensidade. Algumas crianças já estavam prontas, ansiosas, sentadas na primeira fila de cadeiras e perguntando de onde éramos. Não fazia diferença se Éramos de cidades x ou y. Para elas, éramos seres de outro planeta que haviam se tele transportados para lá.”
Além das apresentações, a Trupe da Luz ministra uma oficina em cada município. A proposta é possibilitar uma breve vivência tendo como referência nossas pesquisas e experiências de cada grupo. Apesar do tempo ser curto em cada cidade, essa vivência é importante, é única, e nos enche de orgulho em trocar com pessoas tão cheias de vontade em aprender. 

Um breve desabafo:
“Realizamos a oficina com alguns adolescentes do município e arredores. Em um ginásio próximo ao hotel, fizemos uma vivência significativa com eles. René e Roseane conduziram a primeira etapa da oficina, propondo um aquecimento do corpo. Em seguida, veio o pessoal do circo propondo o jogo do pato. A Cia Pão Doce realizou um jogo de ritmo para finalizar nossa vivência. No final, cantamos um trecho da música do espetáculo e tivemos uma breve conversa em roda. Apesar dessa narrativa fria e rápida, sem muitos detalhes, esse encontro foi tão bonito. Perceber a carência de atividades artísticas nesses municípios tem mexido comigo. Cada sorriso, abraço e palavras de agradecimento que recebo, me energizam. Acabo percebendo a grandeza desse projeto. Ele é fundamental para esse povo e mais ainda para nós.”
Nossa turnê apenas começou e ainda outros tantos quilômetros serão traduzidos e vivenciados. Mesmo que alguns detalhes escapem, tenho certeza que ficarão registrados nas memórias de cada um, como por exemplo, o final de tarde em Ielmo Marinho e suas variações de tons da cor azul no céu no momento da nossa apresentação. Ou até mesmo, a composição harmoniosa da lua com o mar banhando nosso espaço cênico em Guamaré.  E para finalizar, a luta que foi para arranjar um pouco de café em Pendências. 

Um breve resumo sobre arte, equipe e felicidade:


Relato por Moisés Ferreira

Comentários